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Síndrome de Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar

Publicada em 24/04/2015 às 07h

Neurologista Marco Aurélio Smith fala da síndrome que afeta várias profissões Neurologista Marco Aurélio Smith fala da síndrome que afeta várias profissões

Quando chegamos ao limite máximo da paciência e dizemos que "não aguento mais", temos que ficar atentos. Pode ser que estejamos entrando em estado de Burnout ou, simplesmente, Síndrome do Esgotamento Profissional, um distúrbio psíquico que vem sendo diagnosticado cada vez mais em pessoas cuja profissão exige um envolvimento direto e intenso com outras.

A doença caracteriza-se por um estado de tensão constante provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes devido ao acúmulo de estresse.

O neurologista Marco Aurélio Smith Filgueiras, médico cooperado da Unimed João Pessoa, explicou que o termo "burnout" começou a ganhar popularidade especialmente entre pessoas que trabalhavam em serviços humanitários, como assistentes sociais e de saúde mental, a exemplo de médicos psiquiatras e psicólogos.

"Hoje em dia, seu uso tornou-se abrangente, atingindo dentistas, enfermeiros, funcionários de clínicas, hospitais, planos de saúde, professores, jornalistas, policiais. Todas as pessoas que têm algum trabalho em contato com o público que, de alguma maneira, exerce algum tipo de pressão", disse o neurologista.

Para se ter uma ideia, nem a própria dona de casa escapa do Burnout devido às cobranças dos familiares. Há uma perda da energia ou entusiasmo por causa do trabalho exaustivo. Mas, Segundo Marco Aurélio Smith, o problema não é apenas o excesso de trabalho e, sim, por exemplo, uma indignação, frustração, decepção, um não reconhecimento por um esforço dispendido.

"Nós, médicos, somos afetados por essa síndrome devido às jornadas de trabalho extenuantes e às condições precárias a que somos obrigados a enfrentar para atender com o mínimo de dignidade a população carente em hospitais públicos sucateados", ressaltou Smith.

SINTOMAS

São muitos os sintomas que apontam para a Síndrome de Burnout. Alguns chegam até a serem confundidos com o estresse, mas, fundamentalmente, o profissional é acometido por "um estado de perda de energia e entusiasmo".

As pessoas com a doença convivem com a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, isolamento, mudanças de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo e baixa autoestima

Além desses sintomas psicológicos, há também os sintomas físicos da síndrome como dores de cabeça constantes; tonturas; alterações no sono; problemas digestivos; falta de ar e excesso de cansaço. Diante desses sintomas, a medida correta é procurar um profissional que faça um diagnóstico claro da doença e, posteriormente, o tratamento.

O QUE SIGNIFICA

To burn out, expressão de origem inglesa com o sentido de queimar por completo foi usada pelo psicologista alemão Herbert Freudenberger em 1970 para nomear a síndrome mais badalada dos últimos tempos: a Síndrome de Burnout, também chamada Síndrome do Esgotamento Profissional, da qual foi vítima e diagnosticada por ele mesmo. Seu símbolo internacional é um "palito de fósforo queimado".

Os doze estágios de Burnout:

• Necessidade de se afirmar ou provar ser sempre capaz

• Dedicação intensificada - com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho e a qualquer hora do dia (imediatismo);

• Descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;

• Recalque de conflitos - o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;

• Reinterpretação dos valores - isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da auto-estima é o trabalho;

• Negação de problemas - nessa fase os outros são completamente desvalorizados, tidos como incapazes ou com desempenho abaixo do seu. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;

• Recolhimento e aversão a reuniões (anti-socialização);

• Mudanças evidentes de comportamento (dificuldade de aceitar certas brincadeiras com bom senso e bom humor);

• Despersonalização (evitar o diálogo e dar prioridade aos e-mails, mensagens, recados etc);

• Vazio interior e sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante;

• Depressão - marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido;

• E, finalmente, a síndrome do esgotamento profissional propriamente dita, que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica uma urgência.

(Com informações do Wikipédia sobre os estágios de Burnout)