Artigos Médicos

A Nutrição em tempos apressados

Publicada em 02/09/2016 às 18h

A história da alimentação acompanha a história da humanidade, pois o ato de comer remonta aos primórdios da nossa espécie. Começamos como caçadores carnívoros, descobrimos o fogo, as ferramentas e a agricultura, evoluímos para a indústria de alimentos nos moldes atuais. Em tempos pré-históricos, a comida era batalhada cada dia; hoje há métodos para conservação e estocagem e até a transgênese em alimentos. Ainda assim, muitos países não conseguiram resolver o problema da fome, por várias razões, mais por desigualdades e iniquidades sociais que por escassez de produção.

No Brasil estamos em transição nutricional, ou seja, saímos da desnutrição para o sobrepeso e obesidade, com aumento do surgimento de doenças como diabetes, hipertensão arterial, infarto e acidente vascular cerebral. Boa parte da nossa população hoje come mais do que deveria e parece escolher alimentos mais calóricos, mais industrializados, refinados, com excesso de gordura e açúcar embutidos. Tornou-se mais sedentária, tudo tem controle remoto e nem a chave precisa mais girar para abrir um carro.

Proliferaram as dietas milagrosas, os modismos, a sagração e a condenação de alimentos confundindo as pessoas e deixando-as à revelia nesse mundo sedutor da publicidade do setor alimentício e presa fácil da enganação por parte dos que usam a má-fé na área de saúde. É importante salientar que as condutas estabelecidas na Nutrição seguem o mesmo princípio da Medicina: são regidas pelas evidências dos trabalhos científicos.

Sabemos que comer é um ato que vai além da função biológica do alimento, pois traz prazer e propicia o convívio. Em tempos apressados de "self service", às vezes com mais de cinquenta opções, e de tantos manuais, regras e recomendações espalhados na mídia, ouvir as orientações do profissional que mais estuda esse tema, o nutricionista, pode ser um eixo condutor que nos ajude a prevenir ou controlar algumas doenças. Ou, no mínimo, corrigir algumas rotas, tornando-nos mais saudáveis. E quem não fica mais feliz por ter mais saúde e consequentemente mais prazer?

Maria de Fátima Duques

Maria de Fátima Duques

CRM-PB: 2638

Especialidade: Gastroenterologista

Mais artigos de Maria de Fátima Duques