Artigos Médicos

A mania da Doença de Alzheimer

Publicada em 24/10/2014 às 17h

Infelizmente, esta mania ou hábito pegou. Só se fala em Doença de Alzheimer como se só existisse ela. Em crônica anterior, que intitulei "Controvérsias no diagnóstico de Alzheimer", procurei chamar a atenção dos colegas em geral, não apenas neurologistas, psiquiatras ou geriatras, mas também do público leigo, sobre esta questão. Essa coluna da Unimed João Pessoa, como a da Associação Médica, serve para informações médicas de utilidade pública.

Vou aqui relacionar os vários tipos de demência, além da Doença de Alzheimer, para que todos vejam a quantidade de quadros demenciais que podem confundir o médico não afeito ao diagnóstico. Portanto, não são Alzheimer. Não cabe neste pequeno espaço descrever cada um deles. Aqui está a relação: demências vasculares (infarto cortical único, múltiplos infartos, CADASIL), demência causada por hipertensão arterial e diabetes, Demência de Corpos de Lewy (que é semelhante à Doença de Parkinson), Doença de Huntington, demência fronto-temporal, demência por tumor cerebral (paraneoplásica), da hidrocefalia de pressão normal, do hipotiroidismo, da Aids, do uso excessivo de álcool, da deficiência de vitamina B12, de causa metabólica, da Esclerose Múltipla, da sífilis, demência da infecção crônica, da anemia, Demência da Depressão Severa e Intoxicação Medicamentosa.

São 22 tipos diferentes, mas existem outros. Estes dois últimos, que deixamos para o final, têm nos preocupado bastante. Estão se tornando cada vez mais comuns nos tempos atuais. Tem muitos idosos estressados e deprimidos tomando muitas drogas farmacêuticas que estão provocando Demência por Intoxicação Medicamentosa. Os medicamentos que podem produzir sintomas de difícil diferenciação com o Mal de Alzheimer são: benzodiazepínicos ou ansiolíticos, também chamados de tranquilizantes menores (são cerca de trinta; entre estes, os mais usados são bromazepam, lorazepam, clonazepam), antipsicóticos ou tranquilizantes maiores, antidepressivos tricíclicos, antiparkinsonianos, lítio, anti-inflamatórios, anticolinérgicos, corticosteróides, antiepilépticos (impropriamente chamado de anticonvulsivantes), hipnóticos, digoxina, cimetidina e redutores de colesterol.

Portanto, vamos acabar com esta mania de dizer que todos os "idosos com distúrbios cognitivos" sofrem Doença de Alzheimer.

Marco Aurélio Smith Filgueiras

Marco Aurélio Smith Filgueiras

CRM-PB: 1368

Especialidade: Neurologia

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