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Quedas fatais em idosos

Publicada em 05/08/2016 às 17h

A humanidade está envelhecendo. De maneira geral, todo idoso passa pelo inexorável processo natural, saudável e fisiológico do envelhecimento sem comprometimento das necessidades básicas da vida (alimentação, locomoção, higiene e relacionamento interpessoal), conhecido por Senescência. Entretanto, uma parte desenvolve outro tipo chamado Senilidade devido a vários fatores associados, principalmente, aos maus hábitos da vida, que podem gerar incapacidades funcionais, insuficiência de órgãos, hipertensão arterial, diabetes etc.

Seja qual for, o senescente e o senil, saudável ou não, não conseguem sentir qualquer queixa ou sintoma que não terminem por ingerir algum medicamento, seja através da prescrição médica como pelo vício da automedicação. Isso está se tornando um hábito, um vício perigoso. Vamos citar como exemplo a Pressão Arterial (PA). Na verdade, a PA em pessoas idosas normais pode atingir níveis de 150x90mmHg, não havendo necessidade de tomar comprimidos, como betabloqueadores, diuréticos, com o objetivo de reduzi-la até chegar à convencional PA de 120x80 mmHg. Existem riscos na tentativa de baixá-la a todo custo, principalmente o "risco de quedas" que, além de provocarem graves fraturas, Traumatismo Cranioencefálico (TCE), podem até ser fatais.

Cientistas da Universidade de Yale descobriram que o risco de sofrer uma "queda fatal" quando se toma anti-hipertensivos aumentou 40% em três anos de estudo, assemelhando-se, inclusive, às chances de morte em ataques cardíacos ou AVC, que podem se instalar nesse mesmo período. Os cientistas acompanharam cerca de 5 mil adultos idosos hipertensos com mais de 70 anos, de uma comunidade, durante 3 anos. Entre eles, 14% não receberam nenhum fármaco; 55% tomaram medicamentos em doses moderadas; e 31% ingeriram doses avantajadas de hipotensores. Durante o período de avaliação, 446 pacientes (9%) apresentaram lesões graves decorrentes de quedas e 837 (16,9%) vieram a óbito.

A conclusão e relevância desse estudo é que medicações anti-hipertensivas foram associadas a um risco aumentado de importantes traumatismos provenientes de quedas, particularmente entre aqueles que já tinham sofrido este transtorno anteriormente. Os riscos potenciais versus benefícios deveriam ser pesados na decisão da continuidade do tratamento com hipotensores em idosos com múltiplas condições clínicas crônicas.

(Tinetti ME, Antihipertensive medications and serious fall injuries in a nationally representative sample of older adults) JAMA Intern Med Apr, 174 (4):588-95.

Marco Aurélio Smith Filgueiras

Marco Aurélio Smith Filgueiras

CRM-PB: 1368

Especialidade: Neurologia

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