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Hebiatria, medicina da adolescência

Publicada em 11/03/2016 às 18h

Até 1950, incluía-se no âmbito das atribuições do pediatra a assistência integral aos adolescentes, para a qual contava ele com a colaboração, principalmente, dos especialistas em ginecologia, urologia, endocrinologia e do psicólogo. A partir de então, começou a surgir, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa, a hebiatria, conceituada como subespecialidade da pediatria, à qual caberia de maneira abrangente os encargos de acompanhamento do processo evolutivo dessa quadra da vida e o tratamento das questões de saúde que lhe são peculiares. No Brasil, segundo o dr. Maurício de Souza Lima, o exercício da medicina da adolescência teve início em 1974, mas só a partir de 1998 a Sociedade Brasileira de Pediatria a reconheceu e regulamentou.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência situa-se entre os 10 e os 20 anos. A formação do hebiatra demanda do médico dois anos de formação em pediatria e mais dois em psicologia do adolescente.

Os cuidados médicos de que necessitam os adolescentes dizem respeito, entre outras, às seguintes questões: imunizações; monitoramento pôndero-estatural; desvios do crescimento normal; carências nutricionais; magreza ou obesidade; prática adequada de exercícios físicos; problemas de visão, de audição e de fala; déficit intelectual e de atenção; retardamento no surgimento dos caracteres sexuais secundários; início e desvios da sexualidade; doenças sexualmente transmissíveis; tabagismo, alcoolismo e consumo de drogas ilícitas; oscilações do humor; neuroses e distúrbios de comportamento; agravos psicológicos, doenças mentais e tendências suicidas.

A adolescência é a quadra dos arroubos românticos; dos sonhos, devaneios e fantasias; de aventuras, não raro temerárias; dos idealismos, da autoafirmação e da busca da formação da personalidade e da identidade como adulto saudável. Nessa fase, os jovens correm sérios riscos de manipulação por idolatrias, radicalismos ideológicos, religiosos e políticos e, não raro, são alvos de sedução para o mundo das drogas e do crime organizado. Nessa faixa etária, torna-se imprescindível o amparo da família, de quem se espera integral assistência efetiva e afetiva, firmeza, compreensão, prudência e sabedoria; e do hebiatra, que, mercê dos conhecimentos técnicos e de uma assistência humanística e ética, deverá cuidar desses pacientes, propiciando-lhe prevenção de agravos e tratando de todas as patologias de que possam padecer, visando ao seu desenvolvimento equilibrado, integral e saudável.

Sebastião Aires de Queiroz

Sebastião Aires de Queiroz

CRM-PB: 475

Especialidade: Pediatra e médico do trabalho

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