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Toxoplasmose e malformações fetais

Publicada em 28/04/2017 às 18h

A toxoplasmose merece especial atenção, sobretudo dos obstetras e dos pediatras, porquanto, ao acometer gestantes, estas podem transmiti-la ao feto, que poderá vir a sofrer graves e irreversíveis sequelas. Metade da população de todos os países, mesmo desenvolvidos, apresenta anticorpos contra o parasita, ainda que assintomática.

Na forma congênita ou adquirida, a doença é causada pelo protozoário "toxoplasma gondii". A contaminação humana ocorre pela ingestão de água e vegetais contaminados, por ovos expelidos nas fezes de gatos e outros felinos ou pelo consumo de carnes cruas ou malcozidas de animais infectados pelo parasita.

Os gatos são hospedeiros definitivos do toxoplasma, portanto, perpetuadores da infecção, pois é em seu organismo que ocorre a reprodução sexuada (e assexuada) do parasita. A enfermidade não é adquirida por contato interpessoal, embora possa ser contraída por transfusão de sangue ou por transplante de órgão de pacientes infectados.

Em 80% dos casos, a moléstia é assintomática ou cursa com sintomas brandos na fase aguda, quando atinge pacientes com boa imunidade. O quadro clínico manifesta-se por febre, dores de cabeça e musculares, manchas avermelhadas na pele e ínguas. No entanto, se surgir durante a gravidez, pode contaminar o feto, causando abortamento ou gerando malformações do sistema nervoso central (hidrocefalia e microcefalia, calcificações intracranianas), retardos mentais, inflamações da retina e encefalite.

A incidência anterior à gestação não oferece maiores riscos. Nos casos de transplante de órgãos, com posterior uso de medicamentos depressores da imunidade, das doenças autoimunes, ou de aids, as formas latentes da parasitose poderão reativar-se, dando origem a pneumonia, meningoencefalite, encefalite e miocardite.

O diagnóstico por ser feito por sorologia para a detecção de anticorpos específicos contra o parasita. Entre as medidas preventivas contra a toxoplasmose, destacamos: evitar contato com fezes de gatos; tomar água tratada; não ingerir carne crua ou malcozida; usar luvas no manuseio de carnes; lavar as mãos com água, sabão e álcool a 70% após lavar as caixas dos gatos forradas com areia; alimentar os felinos com ração e dar-lhes água limpa, e não lhes permitir caçar animais ou ingerir carne crua ou malpassada.

O tratamento, recomendado particularmente para gestantes e portadores de baixa imunidade, deverá seguir critérios médicos judiciosos e rigorosos.

Sebastião Aires de Queiroz

Sebastião Aires de Queiroz

CRM-PB: 475

Especialidade: Pediatra e médico do trabalho

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