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Viroses respiratórias

Publicada em 13/04/2018 às 18h

Observando a estrutura de um vírus, tem-se a impressão que nem é um ser vivo. Alguns gens, uma cápsula para se proteger contra chuvas e trovoadas no interior do organismo, e só!

De tão rudimentar nem sequer consegue replicar seu próprio DNA.

Em contrapartida, é de uma esperteza e poder de persuasão impressionantes. Ele invade o DNA da célula e “ordena” que ela reproduza seu DNA. A célula “vai na onda” e deixa de reproduzir seu próprio DNA para replicar o do invasor.

No espirro ou tosse de um infectado, aquelas gotículas vão carregadas de milhares de vírus, quantidade insuficiente para desenvolver a virose respiratória no receptor.

E é aí onde entra a imensa capacidade do vírus de se reproduzir com o auxílio luxuoso das células. Em 24 horas ou até 4 dias, eles já são muitos milhões e então começam a surgir a tosse, a febre, a dor de garganta, a coriza, sintomas característicos da virose respiratória. Que pode ser a gripe, provocada por um único vírus, o influenza; ou pode ser o resfriado comum, com mais de 200 vírus a importunar a vida de muita gente.

Ambos apresentam as mesmas características sintomatológicas. Só que a gripe pega muito mais pesado! Cinco dias de febre recorrente altíssima com dores musculares, fraqueza intensa e cama!

São três os tipos de vírus influenza: A, B e C. De importância epidemiológica, destaque para o tipo A (com vários subtipos), que, ao longo dos anos, sofre mutações e recombinações genéticas sucessivas, que intensificam sua agressividade produzindo periodicamente pandemias devastadoras.

Em 1918/19, essa estrutura rudimentar quase dizima a Europa. O subtipo H1N1, responsável pela Gripe Espanhola, promoveu a mortalidade de 40 milhões de viventes.

Já o H3N2 da Gripe Asiática em 1957/63 deixou um rastro de 1.500.000 mortes. Dez anos depois, foi a vez do H2N2 provocar a pandemia da Gripe de Hong Kong com um saldo de 1 milhão de vítimas fatais.

Seu passeio aqui pelo nosso hemisfério está agendado para iniciar esse mês de abril e deve seguir até o mês de julho/agosto.

Importante referir que não existem evidências científicas da ação da vitamina C no combate às viroses respiratórias. O único meio de prevenção seguro para se evitar a propagação da gripe ainda é a vacinação anual.

Sebastião de Oliveira Costa

Sebastião de Oliveira Costa

CRM-PB: 1630

Especialidade: Pneumologia e Alergologia. Dr. Sebastião é presidente do Comitê de Tabagismo da Associação Médica da Paraíba e membro da Comissão de Tabagismo da Associação Médica Brasileira

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