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Cuidados Paliativos: uma alternativa terapêutica

Publicada em 28/10/2016 às 18h

A revolução tecnológica vem municiando a medicina com ferramentas cada vez mais avançadas. Esse progresso pode ser observado com nitidez nas modernas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), onde sofisticados equipamentos de suporte vital são capazes de substituir, por prazo indeterminado, órgãos danificados por uma doença. É a chamada terapia substitutiva.

Assim: se os rins ficam paralisados, equipamentos modernos de diálise podem fazer o seu trabalho. Se o coração ou o pulmão titubeiam, podemos lançar mão da circulação extracorpórea com um coração/pulmão artificial. O problema é infecção? Antibióticos e fungicidas de última geração são capazes de combater mesmo agentes multirresistentes.

Muito bem, avançamos bastante. Mas, como tudo na vida, existe um outro lado da moeda. Se, por um lado, pacientes portadores de doenças agudas, passíveis de reversão, são indubitavelmente beneficiados por essas tecnologias; por outro lado, doentes crônicos ou com doenças em fase avançada e já profundamente debilitados podem ser mantidos "vivos" por longos períodos. Chamamos esse processo de distanásia, que significa morte antinatural, cercada de sofrimento tanto para o paciente como para seus familiares.

Infelizmente, vemos a distanásia ainda sendo praticada nas nossas UTIs, muitas vezes por exigência de famílias que, por não aceitarem a irreversibilidade daquela condição clínica, exigem ou induzem os profissionais a empregar recursos terapêuticos fúteis, que só prolongam a dor e o sofrimento. Que conduta então adotar quando não há mais chances de recuperação?

É justamente nesse contexto que entram os cuidados paliativos. Essa nova abordagem terapêutica, ao contrário do que muitos pensam erroneamente, não significa "não fazer nada" ou simplesmente "deixar morrer". Pelo contrário, nos cuidados paliativos um grupo multidisciplinar e profissionais de saúde fornecem apoio clínico e emocional tanto ao paciente como aos seus familiares, ajudando a superar esse momento delicado.

Na terapia paliativa, a prioridade é o alívio dos sintomas, tais como a dor, a falta de ar, as náuseas e vômitos, que frequentemente acometem os pacientes nas fases avançadas da doença e que pioram sobremaneira sua qualidade de vida. A equipe da UTI Clínica do Hospital Alberto Urquiza Wanderley tem adotado essa abordagem terapêutica, em comum acordo com as famílias e responsáveis legais, atingindo elevados índices de satisfação. Informe-se a respeito. Cuidados Paliativos: tratar quando possível, cuidar sempre.

Sérgio Luz Domingues da Silva

Sérgio Luz Domingues da Silva

CRM-PB: 2456

Especialidade: Cardiologia