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Intolerância à lactose

Publicada em 20/10/2017 às 18h

A intolerância à lactose é um tema bastante atual e prevalente. Estima-se que, no Brasil, 60% da população tenham esse diagnóstico. É caracterizada por ser uma reação adversa ao alimento, no caso à lactose, não relacionada com mecanismos imunológicos. Tem como causa a diminuição ou ausência da enzima lactase, que atua na digestão do carboidrato do leite (lactose).

Quando ocorre a ausência dessa enzima, a intolerância à lactose é congênita, ou seja, desde o nascimento, apresentando sintomas precoces que se resolvem com a retirada total da lactose da dieta. Há casos nos quais a intolerância à lactose ocorre secundária a doenças que agridem a mucosa intestinal e destroem essa enzima, que é superficial, como nas diarreias agudas e doenças crônicas que envolvem o intestino.

Os sintomas da intolerância estão relacionados à presença do carboidrato (lactose), ou seja, um açúcar que não é digerido no sistema digestório. Ocorre muito após 3 a 5 anos de idade quando há redução gradual da enzima lactase fisiologicamente em nosso organismo. As queixas clínicas compreendem desde diarreia, flatulência, dor abdominal tipo cólica, vômitos, distensão abdominal e dermatite perianal.

O diagnóstico não é fácil, pois os sintomas são inespecíficos, podendo recorrer a métodos diretos (biópsia jejunal) e indiretos (pH fecal, pesquisa de substâncias redutoras nas fezes, teste de tolerância à lactose -TTL e teste do H2 expirado).

No tratamento da intolerância à lactose, recomenda-se que leites e derivados sejam evitados na dieta, assim minimizando os sintomas. É possível que o mal absorvedor tolere uma quantidade de 250ml de leite ao longo do dia, ou seja, o equivalente a 12,5g de lactose sem manifestar quadro clínico compatível. Existe uma variabilidade individual de intolerância a esse açúcar, sendo fundamental a personalização de orientação nutricional para que dieta com exclusão total da lactose não repercuta em carência de vitaminas e sais minerais.

Entre os alimentos que possuem maiores concentração de lactose, estão o leite e o sorvete enquanto os queijos e leites fermentados contêm menores quantidades. Medidas farmacológicas também podem ser adotadas com cautela, como as terapias de reposição enzimática com lactase exógena, disponíveis comercialmente sob a forma líquida, de cápsulas e tabletes. Todavia, os resultados com esses produtos são variáveis, além de difícil uso em crianças menores.

De modo geral, embora não seja possível aumentar a capacidade de produção de lactase, os sintomas para os intolerantes podem ser controlados utilizando uma dieta com teor reduzido de lactose quando for o caso. Enfatizando sempre que toda dieta deve ser capaz de suprir as necessidades nutricionais do indivíduo, garantindo a manutenção do estado nutricional adequado.

Andréa Gondim Mendonça

Andréa Gondim Mendonça

CRM-PB: 6838

Especialidade: Pediatra