Artigos Médicos

Simbologia do coração

Publicada em 14/02/2014 às 17h

Voltamos a refletir sobre tão sublime e importante tema pelo fato de vislumbrarmos que o coração somente é visto como órgão produtor de patologias, pensamento que é uma constante nas mentes de grande parte da classe médica, como da população como um todo. Portanto, convidamos os leitores para vê-lo de uma forma mais romântica, objetivando minimizar os medos e os pavores, com o toque filosófico do sentimento.

Símbolo do afeto, do amor, dos sentimentos mais profundos e do caráter de uma pessoa, o coração desde sempre entrou para o imaginário de homens e mulheres como lugar onde são guardadas as emoções. Mesmo que a ciência tenha feito algumas tentativas de distorcer o âmago dessa temática, respondemos: é no coração e ao coração que nos referimos quando falamos de sentimentos, crenças, entrega e intimidade.

A nossa intenção nessas linhas tem a conotação de celebrar alguns achados - imagem, momentos, emotividade -, que mostram como o coração é visto ou vislumbrado em diversos lugares e em situações tão variadas quanto um parque, uma rocha, uma cena de marte, ao acaso e, principalmente, ao fato antológico de que um cardiologista não pode pensá-lo de forma restrita e não enxergá-lo somente pela ótica técnico-científica, ou seja, como órgão que representa a bomba da vida e que pode fraquejar e produzir patologias. Simplesmente, direcionar o seu olhar às mil formas que ele pode adquirir e nos surpreender.

Durante milênios, o coração foi considerado um órgão sagrado, centro misterioso das emoções humanas, local onde se concentram a força e a sabedoria. Enquanto os demais órgãos trabalham em silêncio, o coração vibra, dando acordes sublimes e permanentes de sua presença e, talvez por isso, tenha sido um dos primeiros órgãos de que o homem teve consciência. O passo seguinte foi associar o coração aos sentimentos e emoções que alternavam o seu ritmo normal: amor, medo, susto, sensações marcantes e intensas de momentos especiais.

Ao simbolizar as emoções, o coração passou a fazer parte, desde os tempos remotos, de expressões em todos os idiomas que o correlacionaram ao estado da alma, ao amor, à afeição e à generosidade.

Para termos noção de sua força simbólica, quantos adágios populares o coração deu origem, citando-se "coração partido, do fundo do coração, pessoa sem coração, fazer das tripas coração", entre muitos.

Encerramos essas linhas com uma reflexão que nos sensibiliza e referenda todo o contexto do assunto exposto, que não poderia ser outra senão a sentença lapidar de Pascal : "O coração tem razões que a própria razão desconhece".

Fernando Lianza Dias

Fernando Lianza Dias

CRM-PB: 2547

Especialidade: Cardiologista

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