Em uma reportagem da Revista Newsweek, mostrou-se a crescente necessidade de médicos já formados e estudantes de Medicina de lidarem com os aspectos espirituais, tanto os seus quanto dos seus pacientes, para otimizar o seu atendimento. Por outro lado, segundo a mesma revista, 72% dos americanos gostariam de conversar sobre fé com seus médicos e sentem mais empatia e confiança naqueles que o fazem. A mesma porcentagem acredita que orações e meditações podem intervir na sua doença, mesmo nas que a Medicina pode pouco fazer. Há décadas abriu-se um leque imenso para se estudar as interfaces da Espiritualidade na Medicina, com muito ainda a se aprender.

É patente o despreparo de muitos profissionais em lidar com as questões psicológicas e, mais ainda, as espirituais dos seus pacientes, simplesmente porque não aprenderam nos bancos das faculdades. O relato de uma estudante do quarto ano de Medicina, que atendia um judeu com um raríssimo tipo de câncer, já no estágio terminal, pode ilustrar isto. Tendo sido ele abandonado pela família e amigos, a jovem estudante de 26 anos não soube explicar as questões aflitivas do seu paciente. Coube a ela apenas segurar sua mão em silêncio na hora da sua morte. Aflita ao descobrir \"a morte\", a estudante foi de pronto se matricular na cadeira optativa de \"Espiritualidade e Medicina\". Hoje, a maioria das faculdades americanas oferece tal disciplina.

O dr. Giancarlo Lucchetti, num artigo sobre o tema na Revista Brasileira de Clínica Médica (2010), cita algumas barreiras que são colocadas pelos médicos para não abordarem o tema: a falta de conhecimento e treinamento sobre o assunto, falta de tempo, desconforto com o tema, medo de impor pontos de vista religiosos ao paciente, pensamento de que o conhecimento da religião não é relevante ao tratamento médico e a opinião de que isso não faz parte do papel do médico. Essas barreiras são quebradas à medida que o médico se aprofunda no tema e desvencilha-se de seus próprios medos e preconceitos.