Artigos Médicos

Uma ameaça à saúde suplementar

Publicada em 08/08/2010 às 00h

Não é de hoje a discussão levantada pelas operadoras de saúde sobre os altos preços cobrados pelas empresas fabricantes de órteses, próteses e materiais especiais. Recentemente, um texto disponibilizado no Boletim Informativo da Central Nacional Unimed apontou as consequências da prática abusiva para os clientes e os médicos, o qual repasso abaixo:

"Ã"rteses, próteses e materiais especiais. Quando o assunto é OPMEs a discussão é séria nas operadoras de saúde do Brasil. Nem poderia ser diferente. Hoje cerca de 50% do total de uma conta hospitalar decorre dos materiais e medicamentos.

O problema não está diretamente relacionado à utilização desnecessária. Nem tampouco à má gestão dos recursos e tecnologias utilizados no atendimento assistencial. Situa-se nos altos preços praticados pelos fabricantes e, na maior parte das vezes, pelas distribuidoras desses produtos.

A prática abusiva dessas empresas traz uma série de outras consequências. Os recursos que se escoam desnecessariamente poderiam ser investidos nas operadoras, aumentando a qualidade do atendimento. Outro exemplo são os honorários médicos, um dos itens mais prejudicados com o aumento das OPMEs.

Os altos preços cobrados pelas órteses, próteses e materiais especiais vão além. Ameaçam o perfil da saúde no país. Há uma queda significativa na procura por especialidades clínicas na medicina. Com isso, daqui a 10 ou 15 anos poderá faltar pediatras e clínicos no mercado.

Embora haja uma necessidade de mudar esse processo e melhorar a forma de cobrança das OPMEs, o mercado parece não se dar conta. O movimento para combater tais práticas ainda é muito tímido ou quase inexistente. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) prometeu ajudar e se tornar agente nesta missão, mas ainda não deu nenhum passo.

Enquanto isso, as distribuidoras seguem ditando as regras do jogo. Mesmo de mãos atadas, as operadoras ainda podem fomentar a discussão na imprensa, com vistas à conscientização dos órgãos competentes e da população em geral. Vale lembrar que os elevados preços dos materiais utilizados no atendimento médico-hospitalar são pagos, indiretamente, pelos clientes.
José Calixto da Silva Filho

José Calixto da Silva Filho

CRM-PB: 3650

Especialidade: Cirurgião geral

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