Artigos Médicos

As mães e a saúde

Publicada em 12/05/2017 às 18h

Desde a antiguidade há relatos de figuras mitológicas maternas e, historicamente, atribui-se às mulheres o papel de cuidar de outros seres humanos, sobretudo dos filhos. Embora a modernidade tenha trazido modificações importantes nas relações de gênero, ainda é a mulher a principal cuidadora, na sociedade e na família. Muito se questiona se isso é apenas um papel imposto ao longo dos séculos ou se é inerente à natureza feminina.

No universo da saúde e da doença ainda há muito mais mulheres no exercício do cuidado com o outro. Entretanto, ao nos referirmos às palavras ‘mãe', ‘mulher', ‘maternidade', será necessário pensar o contexto cultural e sócio-histórico, pois é fato que a maternidade, mesmo com a força da biologia, não agrada a todas as mulheres, muitas optando atualmente por não terem filhos, o que sem dúvida deve ser respeitado. A multiplicidade de papéis femininos, se dificultou uma relação mais direta das mães com seus filhos, trouxe aos pais uma nova possibilidade: a de mergulhar na criação deles vivendo um cotidiano de cuidado partilhado e, às vezes, até sozinhos, o que já ocorre com frequência.

A realidade tem mostrado novas configurações familiares: há pessoas que, mesmo não tendo vínculo biológico, exercem o papel de uma boa mãe, que protege, cuida, alimenta e prepara as crianças para enfrentar o mundo, chegando até a descuidar-se de si próprias para promover a saúde e o bem-estar dos filhos. Esta é a razão que torna o cuidado com a saúde das mães um fator crucial na saúde das crianças e da família, pois nem só de amor vivem mães e filhos. Nesses tempos consumistas, o dia criado para homenagear as mães tornou-se a segunda maior festa para o comércio, só perdendo para o natal, os filhos mais presenteando as mães com objetos que as valorizando com atenção e cuidado, o que é uma pena.

A mãe, verdadeira ou simbólica, talvez seja quem nos dê o tipo de amor mais importante na infância, não desconhecendo a importância das outras pessoas. Cultivar esse amor na vida adulta pode construir novos elos e promover trocas transformadoras entre mães e filhos. Não foi sem razão que Drummond escreveu o poema Para Sempre, onde diz: Por que Deus permite /que as mães vão-se embora?/Mãe não tem limite,/é tempo sem hora,/luz que não apaga. E finaliza: Mãe não morre nunca,/ mãe ficará sempre/junto de seu filho /e ele, velho embora,/ será pequenino/feito grão de milho.

Maria de Fátima Duques

Maria de Fátima Duques

CRM-PB: 2638

Especialidade: Gastroenterologista

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