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O valor dos nutricionistas para a saúde

Publicada em 30/08/2019 às 19h05

A nutrição é uma ciência que tem importante função na saúde e na doença dos seres humanos. Tem também um papel social fundamental, por ser responsável por acompanhar as mudanças que ocorrem na agricultura, nos hábitos alimentares e até na condução das políticas públicas dos países no que se refere à nutrição e alimentação, tanto individual quanto coletiva.

Dia 31 de agosto é o Dia do Nutricionista, profissional habilitado para planejar, assessorar e executar qualquer projeto relativo a quanto e o quê os indivíduos comem, além de estudar e correlacionar a situação sócioeconômica dos países com o estado nutricional das populações, que não é tarefa fácil.

Em países desiguais como o Brasil, nenhuma categoria profissional faz milagre sem políticas públicas capazes de distribuir melhor a renda e de dar acesso à comida. E mais, para bons resultados, a esse acesso tem que se juntar a educação nutricional.

Nosso país enquadra-se hoje no que se chama “transição nutricional”. Diminuiu os índices de desnutrição, que nos últimos anos acompanhou a retirada de milhões de pessoas da pobreza extrema, conforme a OMS (Organização Mundial de Saúde). Seus dados, baseados em métodos científicos e portanto confiáveis, mostram que estamos com sobrepeso e obesidade, pois esse acesso não só não foi acompanhado de um trabalho educacional como os mais pobres quando têm acesso a mais calorias, estas provêm sobretudo da gordura saturada e dos carboidratos, que são mais baratos. Os mais ricos também engordaram, mas têm mais acesso às proteínas, sobretudo às de produtos animais como a carne de boi e o peixe, muito caros para os pobres. Estes, sem dúvida, pagam sempre mais caro as contas sociais e erros ou desinteresse político.

De modo geral, portanto, o país melhorou mas adoeceu noutra vertente, o que necessita de abordagem para prevenir doenças resultantes desse painel. É necessário valorizar a ciência nutricional, ouvir a sociedade e elaborar políticas públicas que contemplem a grande diversidade que temos. Sem esquecer que desigualdades e iniquidades não melhoram sem medidas que olhem para todos e tentem dar um pouco mais de paridade entre as pessoas no seu direito mais básico, que é o de alimentar-se.

Nessas novas configurações, dar mais protagonismo aos Nutricionistas e ouvir a população pode ter grande valia para melhorar a situação nutricional e consequentemente a saúde do país.

Maria de Fátima Duques

Maria de Fátima Duques

CRM-PB: 2638

Especialidade: Gastroenterologista

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