Artigos Médicos

Provisões para tempos de transição

Publicada em 04/01/2019 às 18h

Um ano se foi, outro começou e, de novo, aquela sensação inquietante de estarmos no tempo, fazermos parte dele e não termos sobre ele o menor controle. Inabalável e inexoravelmente, ele passa. Ou somos nós que passamos? A cada ano que começa vem a noção, quase palpável, de que não temos controle sobre nada - o que aguça a percepção do mistério da nossa existência. Emoções não corriqueiras afloram e nos confrontam com enigmas muito íntimos, para os quais a serenidade cala os argumentos, o silêncio revela-se a melhor linguagem, a contemplação acalma a mente, a reverência sinaliza a postura e a humildade pavimenta a comunhão.

Diante da grandeza do universo, o apóstolo Paulo escreveu: “… haverá o dia em que veremos face a face. Hoje, conheço em parte; então, conhecerei perfeitamente, da mesma maneira como sou plenamente conhecido” (1. Cor. 13:12). Encontro alento nesse compartilhamento de fé. Ver Deus, “face a face”, será a completude para o que “conhecemos em parte” e promoverá a inteireza do existir. Nesse versículo, há também um forte senso de pertencimento, uma vinculação ao Criador que, longe de ser indiferente, dá-lhe a certeza de ser “plenamente conhecido”. Nesse dia, o Eu Sou também se revelará permitindo-se ser “perfeitamente conhecido” numa forma de comunhão jamais imaginada.

Para chegarmos a esse encontro e desfrutá-lo sem medo, o Caminho já foi traçado e consumado através de Jesus Cristo, o qual proveu as condições para que, ainda no presente, pudéssemos ter tal futuro. Ele criou a Graça, um reino espiritual onde não importa a nacionalidade, a cor da pele, a religiosidade, o partido político, o status social, ou outra qualquer categorização terrena. Nesse reino, o que realmente importa é a capacidade para amar a Deus e ao próximo; sua oração é o Pai Nosso, a qual deve ser muito mais vivida do que declamada. Quando essa revelação se torna o norte de uma existência, todas as questões humanas passam a ser tão relevantes quanto as suas transitoriedades.

Que em 2019, possamos alargar as fronteiras das nossas consciências para o projeto de saúde integral: de corpo, de alma e de espírito. O Mestre e Médico dos médicos nos convidam para, nesses tempos de incertezas, incógnitas e vulnerabilidades, encontrarmos nos Seus salutares pilares: o refrigério, a provisão, a bússola e o alicerce.

Maria do Desterro Leiros da Costa

Maria do Desterro Leiros da Costa

CRM-PB: 2649

Especialidade: Neurologista

Mais artigos de Maria do Desterro Leiros da Costa