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A importância do pré-operatório pulmonar

Publicada em 07/12/2018 às 15h

Durante muito tempo, a avaliação cardíaca reinou absoluta como única preocupação no período pré-intervenções cirúrgicas.

O sistema respiratório, enquanto produtor do combustível essencial à alimentação de todos os tecidos e órgãos do corpo humano, adquire grande prestígio quando observamos que todos os procedimentos cirúrgicos promovem reduções variáveis na capacidade respiratória do paciente. A intensidade desta redução está intimamente conectada com a proximidade do foco cirúrgico ao carro-chefe da respiração, o diafragma, músculo que separa o tórax do abdômen.

Nas intervenções torácicas e do abdômen superior, por exemplo, a Capacidade (respiratória) Vital cai cerca de 50% a 60% nas primeiras 24-48 horas. Se o foco for no abdômen inferior, a queda da CV fica em torno de 20%; nas neurocirurgias 25%; e nas periféricas, 10%. A restauração completa dessa CV só vai ocorrer 7 a 14 dias após o procedimento cirúrgico.

Ainda durante a hospitalização, atenção redobrada no surgimento das Complicações Pós-Operatórias (CPPs) mais frequentes - pneumonias, traqueobronquites, atelectasias, ventilação mecânica prolongada, insuficiência respiratória aguda, exacerbação de doenças crônicas, que podem ocorrer até 30 dias após o procedimento cirúrgico.

Os estudos disponíveis apontam que a ampla variação nas ocorrências das CPPs - 5 a 80% - está diretamente vinculada, entre outros fatores, com a competência de um pré-operatório pulmonar.

Na consulta inicial, é indispensável observar tabagismo e obesidade, investigar doença e/ou sintomas respiratórios, considerar uso de medicação de manutenção e resgate, mas essencialmente avaliar a capacidade respiratória do paciente através de uma prova de função pulmonar.

Montado nas considerações e evidências acima expostas, a prudência manda avisar: antes de entrar na sala de cirurgia, visite o consultório de seu pneumologista.

Sebastião de Oliveira Costa

Sebastião de Oliveira Costa

CRM-PB: 1630

Especialidade: Pneumologia e Alergologia. Dr. Sebastião é presidente do Comitê de Tabagismo da Associação Médica da Paraíba e membro da Comissão de Tabagismo da Associação Médica Brasileira

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