Artigos Médicos

Urticárias

Publicada em 17/11/2021 às 08h52

Os vilões dos tempos chuvosos atendem pelo nome de ácaros e fungos. Correndo por fora no papel de coadjuvante, as mudanças bruscas de temperatura. E tome espirros, coriza, coceira, congestão nasal, sintomas característicos da rinite alérgica. A tosse com secreção, cansaço e chiado no peito vão incomodar os asmáticos que não cumpriram devidamente as recomendações do especialista. 

Já nos tempos de verão saem a chuva e frio e entram na avenida o sol e o calor.

Espirros, tosse e cansaço dão lugar a muita coceira e placas vermelhas na pele. São as urticárias, que chegam com mais frequência no embalo dos frutos do mar, do suco de frutas cítricas; no aumento do consumo de leite com três proteínas de grande potencial alergênico (caseína, alfalactoalbumina, betalactoglobulina) e até o amendoim que gosta de produzir alergias com mais violência. E algumas pessoas, vejam vocês, tem alergia à luz do sol.

São três as características das urticárias: placas avermelhadas, prurido, fugacidade. A coceira (pode ser dor localizada) às vezes antecede a vermelhidão na pele e todos esses incômodos vão embora nas 24 horas.

Edema no lábio, pálpebras, orelhas são verificadas quando a reação ocorre em camadas mais profundas da pele e passa a se chamar angiodema. Aí, a regressão demora um pouco mais, sem, no entanto, ultrapassar as 48 horas.

Redobrada atenção quando a garganta começar a ficar irritada com sensação de querer fechar. Nesse caso, há o risco de um provável edema de glote e o mais sensato é procurar um serviço de Pronto Atendimento.

Se a urticária vai e volta durante seis semanas e não mais reaparece, ela é considerada aguda. Já a urticária crônica chega mais devagar e sem tempo para ir embora.

Como importantes desencadeadores da urticária aguda, destaque especial para as infecções, os antibióticos - penicilinas à frente -, e os anti-inflamatórios. Vale informar, ainda, que reações à dipirona (buscopan composto, novalgina, dorflex... ) costumam também produzir muitas visitas ao consultório. Importante lembrar que há uma estreita relação dos anti-inflamatórios com o AAS (doril, somalgin, sonrisal...) e até com a dipirona. Se houver reação a um, é prudente evitar o outro. Na verdade, até o “bem-comportado” paracetamol (tylenol ) tem incomodado muita gente com prurido, edema e placas avermelhadas na pele. 

Com relação aos alimentos, é bom ficar de olho no leite, trigo e clara do ovo. Uma dica: no caso de urticária com angiodema, é sempre recomendável investigar medicamentos.

A urticária crônica, conforme já referido, não existe previsão de quando vai acabar. Ela pode ser induzida -  pelo sol, frio, água (aquagênica) e calor (colinérgica), ou espontânea, que é muito mais complicada, considerando que não tem como identificar uma causa básica. Aí, bote tempo para tomar anti-histamínicos, medicamentos com grande poder de reduzir os incômodos das urticárias.

Muitas vezes, a urticária chega uma, duas vezes, vai embora e não dá mais as caras. Mas se ela é recorrente, é importante uma visita ao especialista, que tem a seu dispor o teste alérgico cutâneo e o exame de sangue IgE, ferramentas que podem ajudar na identificação do agente alergênico, essencialmente nas urticárias agudas.

Sebastião de Oliveira Costa

Sebastião de Oliveira Costa

CRM-PB: 1630

Especialidade: Pneumologia e Alergologia. Dr. Sebastião é presidente do Comitê de Tabagismo da Associação Médica da Paraíba e membro da Comissão de Tabagismo da Associação Médica Brasileira

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