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Os pombos e os riscos para a saúde humana

Publicada em 16/11/2018 às 18h

Os pombos são aves simpáticas que inspiram carinho e proteção. Povos há que os têm como seres sagrados. A Bíblia registra o retorno de uma pomba à “Arca de Noé”, portando no bico um ramo de oliveira: o Dilúvio cessara e a paz fora restabelecida entre o Criador e os homens (Gen 8, 10-12). Uma alva pomba simbolizando o Espírito Santo pousou sobre Jesus quando de Seu batismo nas águas do Rio Jordão (Jo 1, 32). O poeta Raimundo Correia dedicou um soneto às revoadas dos pombos de ida e volta aos pombais, pontuando que, bem ao contrário, os sonhos da juventude que partiram jamais retornarão aos nossos corações.

Em que pese a fama de que desfrutam, os pombos que vivem nas praças e logradouros de todas as cidades do mundo, em busca de água e de alimentos, podem transmitir doenças, seja entre si ou para os seres humanos. As bacterianas “ornitoses” e “clamidiose” e as fúngicas, como as “criptococoses” e “histoplasmoses”, são as mais frequentes e predominam em pessoas que mantêm contato direto e prolongado com os pássaros, como os trabalhadores de aviários, ou que com eles lidam em cativeiro. As crianças, os idosos e aqueles que se encontram em estado de depressão imunológica, como os portadores de aids e outras doenças graves, são mais suscetíveis à enfermidade.

A transmissão às pessoas ocorre pela inalação de poeira contaminada com fezes que impregna as plumagens dos animais doentes; aspiração de esporos (células reprodutoras de fungos); por secreções respiratórias eliminadas pelas aves doentes ou que sejam portadores sadios dos germes; e, também, pelo contato boca a boca. O contágio de um para outro indivíduo através de perdigotos é infrequente.

O quadro sintomático, leve ou severo, inclui febre, dor de cabeça, calafrios, prostração; descargas nasais, inclusive sangramento; acessos de tosse seca e inapetência; e, dependendo da patologia, crescimento do baço (ornitoses) e pneumonias atípicas (ornitoese e infecções por fungos), além de meningites.

A prevenção inclui controle da proliferação dos animais; vedação de vãos entre paredes, forros e telhados; uso de telas em janelas e caixas de condicionadores de ar; acondicionamento de lixo; higiene dos aviários; desinfecção de dejetos, antes de varrê-los; uso de luvas e máscaras de proteção, entre outras. As doenças podem ser tratadas com o uso de antibióticos.

Esqueçam o trecho da música do cantor José Geraldo em que ele fica a dar milho aos pombos.

Sebastião Aires de Queiroz

Sebastião Aires de Queiroz

CRM-PB: 475

Especialidade: Pediatra e médico do trabalho

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