Artigos Médicos

Dia do Obstetra

Publicada em 10/04/2005 às 00h

O que dizer no dia do Obstetra (12 de abril)? Talvez falar das últimas técnicas de fertilização assistida e transferência de embriões. Nada disto! O clássico ainda sobrevive; não abolindo o mérito dos "novos cientistas", a obstetrícia clássica continua esquecida ou tão somente é lembrada nas faculdades.

É bem certo que nas últimas décadas, mais precisamente nos últimos cinco anos, inovações e descobertas genéticas ocupam jornais do mundo científico e afloram a mídia. Mas o modo natural de nascer sempre será o mesmo e a mãe natureza, como maior professora, não vai deixar de aplicar seus conhecimentos. ÃEURs vezes, estes ficam fora de moda e, com o passar dos anos, retornam com força maior. Nestes termos, aquele obstetra de há 12.000 anos que vi em uma inscrição rupestre, em uma caverna, no interior do Piauí, em uma cena de parto, torna-se mais atual que o mais célebre livre docente, guardadas as suas devidas proporções.

Aquela inscrição descreve muito do modo de parto que hoje é feito na maioria (e maioria absoluta) dos países de primeiro mundo onde os índices de via alta, cesárea, jamais ultrapassam 10%. Se entre nós reina uma idéia inversa, os motivos dão uma outra história. Será que nossa política pró-cesárea, atropelando toda a pesquisa das faculdades e todo o ensinamento da evolução humana, chegou à conclusão que este é o melhor "tratamento" para a gravidez? É bem certo que temos muito que aprender sobre a beleza do parto, mas a cesárea, quando bem indicada, é imperativa e nós, brasileiros, com certeza fazemos a melhor do mundo.

Neste dia 12 de abril, sem esquecer aqueles nossos professores enobrecidos pelo tempo, damos viva ao Obstetra que, seguindo preceitos do bom senso e do prazer materno, ainda estimulam o parto normal. "
Alessandro Medeiros Lucena

Alessandro Medeiros Lucena

CRM-PB: 4317

Especialidade: Ginecologista e obstetra