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Andropausa: mito ou realidade?

Publicada em 11/09/2005 às 00h

O hipogonadismo parcial presente no envelhecimento masculino tem habitualmente sido chamado de ANDROPAUSA, ou deficiência androgênica do envelhecimento masculino (ADAM) ou ainda hipogonadismo masculino tardio. As estratégias de reposição hormonal, relativamente bem estabelecidas para mulheres (menopausa), ganham interesse no campo do bem estar masculino, em parte, devido aos dados demográficos do envelhecimento crescente. Esse envelhecimento pode ser acompanhado de sinais e sintomas que lembram a deficiência androgênica em jovens, tais como diminuição da massa e força muscular, aumento da gordura abdominal, resistência aumentada à insulina, perfil lipídico arterogênico, osteopenia, depressão, diminuição da libido e disfunção erétil.

Após os 40 anos há diminuição de 2% a 3% ao ano na testosterona biodisponível, mas em poucos casos esse valor cai abaixo dos valores usualmente reconhecidos como normais e os questionários de reconhecimento do quadro têm apenas 50% a 60% de especificidade, tendo em vista que muitos desses sinais ou sintomas estão presentes em muitas outras situações. O diagnóstico depende da observação clínica (sinais e sintomas) e de pelo menos duas dosagens laboratoriais mostrando níveis baixos da testosterona livre (biodisponível). Erros decorrentes das grandes variações séricas desse hormônio não são infreqUentes.

Devemos tratar um quadro pouco específico e de diagnóstico pouco seguro? Essa pergunta ainda não tem resposta. Apesar dos pontos obscuros/controversos da andropausa, alguns pacientes apresentam melhora em seu bem estar geral quando submetidos à reposição hormonal. Estudos mostram restauração da massa óssea e muscular, da libido e função sexual, do humor e das funções cognitivas, do metabolismo em geral. O preço pode ser alto, pois estudos também mostram aumento no risco de progressão de doença prostática não diagnosticada e do câncer da próstata, policitemia e risco de acidentes isquêmicos, hepatotoxicidade, aparecimento da apnéia do sono, acne e retenção hidrossalina. O risco X benefício deve ser criteriosamente estabelecido e o acompanhamento rigoroso. A participação de um paciente bem informado é fundamental."
Arlindo Monteiro de Carvalho Junior

Arlindo Monteiro de Carvalho Junior

CRM-PB: 4513

Especialidade: Urologista

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