O LES é uma doença autoimune (alteração no funcionamento do sistema imune com produção de proteínas que irão agredir as estruturas celulares do próprio corpo), inflamatória crônica, de causa desconhecida, caracterizada por envolvimento sistêmico (pode afetar qualquer tecido e/ou órgão do corpo). A doença pode ocorrer em qualquer idade, sendo a faixa etária de maior incidência entre os 15 e 40 anos de idade, com marcante predomínio no sexo feminino. A história natural do LES é variável, podendo ter um início lento e gradual, com manifestações inespecíficas, como febre, perda de peso, fraqueza, indisposição, falta de apetite, gânglios palpáveis, dor articular e muscular. Pode também apresentar um quadro agressivo e fulminante, com comprometimento de vários órgãos simultaneamente. Sua evolução pode alternar períodos de exacerbações e remissões. O diagnóstico do LES é elaborado com a identificação de achados clínicos e laboratoriais, baseados nos critérios de classificação da doença propostos pelo American College of Rheumatology (ACR). As manifestações mais frequentes são as lesões de pele, sendo a mais característica o rash malar ou lesão em "asa de borboleta", a artrite (inflamação articular) e nefrite (renal). Entre as formas mais graves da doença estão o envolvimento do sistema nervoso central, renal, hematológico, pulmonar e cardíaco. O FAN (fator antinuclear) é o exame laboratorial mais relacionado com o LES e funciona como um teste de triagem para os pacientes com manifestações clínicas sugestivas da doença. Não deve ser realizado de rotina em todos os pacientes, pois ele é positivo em cerca de 5 a 10% da população normal, sem doenças autoimunes. O tratamento é feito com protetor solar, corticoides, antimaláricos (cloroquina) e imunossupressores, dependendo do quadro de cada paciente. É importante saber que o lúpus tem tratamento e que os pacientes portadores da doença podem viver bem, com qualidade de vida, desde que tenham um diagnóstico e um acompanhamento adequados.