Nos últimos anos, a mídia tem comentado muito sobre o câncer da próstata. Quase nunca se fala, no entanto, a respeito dos outros problemas desta glândula, exclusiva do sexo masculino. Estes problemas, tão freqUentes na prática clínica, levam ao aparecimento de sintomas, relacionados ou não ao ato de urinar, que trazem grande desconforto. Muitas vezes exigem internação hospitalar e até mesmo tratamento cirúrgico. Diga-se, de passagem, que a grande maioria das cirurgias sobre a próstata é devido a doenças "benignas" (não cancerígenas) e que, geralmente, evoluem bem no pós-operatório. Localizada abaixo da bexiga e envolvendo a porção inicial da uretra, torna-se fácil a compreensão dos sintomas "obstrutivos" que decorrem da compressão da uretra. Já a nictúria (acordar para urinar), a micção imperiosa e a incontinência de urgência, que constituem os sintomas "irritativos", são mais difíceis de se explicar. Com certeza, a doença prostática mais prevalente é a hiperplasia benigna, conhecida como "carne esponjosa na uretra". Ela se caracteriza pelo aumento volumétrico da glândula, causando diversos incômodos ao ato da micção, como jato urinário fraco, acordar mais de uma vez para urinar e demora para iniciar a micção. O problema pode evoluir para retenção urinária, necessitando a passagem de sonda para retirar a urina. As prostatites são inflamações de origens variadas. Podem ser agudas, infecção grave com febre alta e prostação, ou crônicas com desenvolvimento insidioso. São tratadas com antibióticos. Ocasionalmente encontramos cálculos prostáticos, doenças granulomatosas, como a infecção pela tuberculose, infecção por fungos, entre outras mais raras. FreqUentemente, na prática urológica de consultório, encontramos pacientes com ansiedade, demasiadamente grande e desnecessária, devido a suspeita antecipada de que seu desconforto ao urinar seja devido a um câncer de próstata. Na verdade, a possibilidade de outros transtornos prostáticos serem os responsáveis é maior.