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Espondilite Anquilosante

Publicada em 08/11/2009 às 00h

A Espondilite Anquilosante (EA) é uma doença reumatológica inflamatória osteoarticular crônica e sistêmica de etiologia desconhecida, sendo uma doença típica do adulto jovem, que se inicia na segunda ou terceira décadas de vida, tendo predileção por indivíduos do sexo masculino, da cor branca. Quando acomete indivíduos com menos de 16 anos (EA juvenil), é caracterizada por comprometimento inicial do quadril, diagnóstico mais tardio e pior prognóstico.

A EA do adulto apresenta-se com um quadro evolutivo inicial bastante marcado de acometimento precoce do esqueleto axial de forma ascendente, sendo característico o envolvimento bilateral das articulações sacroilíacas (sacroleíte), sendo comum o relato que a dor piora com o repouso e melhora com o movimento. Com a evolução da doença, articulações periféricas e ombros podem ser acometidos em até 30% dos casos, gerando especialmente oligartrite e entesopatias. As alterações estruturais no esqueleto axial em longo prazo acabam por gerar uma posição ortostática denominada de "postura do esquiador", onde o espondilítico adota postura de anteriorização da cabeça, retificação da lordose cervical e aumento da cifose dorsal. A evolução da EA segue com rigidez e limitação funcional progressiva, afetando a qualidade de vida dos pacientes no âmbito pessoal, familiar e profissional e gerando consequências nefastas para o doente.

Para o diagnóstico de EA, é necessária a associação de anamnese clínica detalhada, exame laboratorial positivo para VHS, Proteína C Reativa e HLA-B27 (lembrando-se que este pode ser negativo em 20% da população brasileira). O Consenso Brasileiro de Espondiloartropatias indica, a seguir, os critérios de Nova York modificados, onde é necessária a presença de um critério clínico (1. Dor lombar de mais de três meses de duração, que melhora com o exercício e não é aliviada pelo repouso; 2. Limitação da coluna lombar nos planos frontal e sagital; Expansibilidade torácica diminuída "" corrigida pela idade e sexo) e um critério radiográfico (1. Sacroiliíte bilateral, grau 2,3 ou 4; 2. Sacroiliíte unilateral, grau 3 ou 4).

O tratamento deve ser individualizado de acordo com a apresentação clínica da doença, podendo ser utilizados anti-inflamatórios não hormonais (AINHs) para os danos estruturais da doença. Sulfasalazina nos episódios mais graves ou de não resposta a 2 AINHs por período mínimo de dois meses, além do indiscutível acompanhamento fitoterápico durante toda a vida. Atualmente, têm-se cogitado o uso dos chamados biológicos dirigidos contra o fator de necrose tumoral (TNFα) em pacientes com intensa atividade da doença, mas ainda são desconhecidos seus efeitos clínicos em longo prazo, tornando bastante restrita a sua indicação.
Péricles Vilhena

Péricles Vilhena

CRM-PB: 1058

Especialidade: Reumatologista