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Do álcool ao alcoólatra

Publicada em 17/12/2006 às 00h

A dependência química de álcool é hoje uma pandemia mundial. Os alcoolistas são maioria em centros de atendimento a dependentes, em hospitais de urgência e emergência e, sobretudo, em nossas casas, já que é a droga preferida dos estudantes, a mais consumida e a que mais mata em todo mundo.

No Brasil, o álcool continua sem nenhum controle e sequer sem se propagar o seu mal. Ao contrário, ele é ligado a mulheres bonitas e sensações de bem estar colocadas no vídeo e na mídia como se fossem inocentes comerciais com mensagens subliminares. Devemos ser responsáveis pelas estatísticas que mostram que o álcool é, de longe, a mais perigosa das drogas, responsável por 90% das internações em hospitais psiquiátricos e, ainda, por 45% dos acidentes com jovens entre 13 e 19 anos e por 65% dos acidentes fatais.

O Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (Cebrid) diz que de 15.503 jovens entrevistados nas principais capitais do país, 53,2% consomem álcool e 6% são dependentes. Depois de beber, 11% envolvem-se em brigas e 19% faltam à escola. Pesquisa revela que riscos de incidentes, como brigas de rua, aumentam seis vezes entre jovens que consomem álcool e que a violência doméstica está quase sempre implicada com uso abusivo de álcool.

O alcoólatra costuma dizer: "Alcoólatra eu? Paro de beber quando quiser." Quando o uso esporádico passa a ser nocivo, causando problemas pessoais, sociais e familiares, se instala a dependência e se necessita de tratamento. Uma coisa é um dependente adicta pesado que não quer parar, outro o adicto que planeja parar e outro ainda o que já parou o uso e quer manter a abstinência. Não podemos igualá-los na terapêutica e de forma alguma no tratamento. As terapias clínicas psiquiátricas e psicológicas têm que estar inseridas na família onde o cônjuge e os filhos são vítimas quase sempre inocentes das conseqUências do beber compulsivo. Cada pessoa deve ser tratada de forma individual.

Alcoolismo é uma doença grave e deve ser tratada por pessoas capacitadas para isso.
Alfredo José Minervino

Alfredo José Minervino

CRM-PB: 4632

Especialidade: Psiquiatra

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