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O perigo da automedicação para dores de cabeça

Publicada em 07/09/2012 às 11h02

Um tipo de dor de cabeça ou cefaleia que é catalogada na Classificação Internacional das Cefaleias é a cefaleia por uso excessivo de medicação (CEM). Antes desta classificação, outros termos foram previamente usados como cefaleia rebote, cefaleia induzida por medicação e cefaleia por uso inadequado de medicação. Todas estas sinonímias servem para melhor compreender esta dor de cabeça.

Ácido acetilsalicílico, acetaminofen, dipirona, triptanos, ergotamina e seus derivados e ibuprofeno estão entre as substâncias mais implicadas neste tipo de cefaleia. As características da cefaleia original, geralmente enxaqueca ou cefaleia tensional, desaparecem e dão lugar a uma dor de média intensidade, pesada, que pode ser de localização frontal ou mesmo envolver toda a cabeça, presente em mais de 15 dias no mês, com a característica que surgiu ou piorou acentuadamente durante o uso excessivo de analgésicos. A dor de cabeça desaparece ou reassume o seu padrão prévio dentro de dois meses após interrupção dos analgésicos. Tipicamente, o paciente refere que cada dia vem usando mais comprimidos e que a ação deles parece cada vez mais curta.

Foi observado em estudos que crianças, adolescentes e também adultos não estão livres do uso frequente de analgésicos e seu consequente efeito rebote ou mesmo a evolução para cefaleia crônica. Para todos os pacientes, sejam adultos, adolescentes ou crianças, que não procuram tratamento médico por considerarem sua patologia como somente um sintoma menor ou simplesmente uma dor de cabeça, pode ser observada a evolução em cascata com o uso de volumes cada vez maiores de medicamentos que tendem a piorar os episódios e realimentar o processo. Os pais devem ter a oportunidade de discutir hábitos de saúde com seus filhos, incluindo a prática de automedicação. Crianças e adolescentes devem também ser mais receptivos a estas mensagens e se beneficiarem com o exercício físico e melhores hábitos alimentares para minimizar estresse, ao invés de se automedicarem.

O tratamento exige que toda a medicação de abuso seja retirada e substituída por outros compostos visando à modulação central da dor. É muito importante a assiduidade às consultas, já que a interrupção do medicamento precocemente e de maneira intempestiva frequentemente se acompanha de retorno da dor.

 

Ronaldo Bezerra de Queiroz

Ronaldo Bezerra de Queiroz

CRM-PB: 3407

Especialidade: Neurologia

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