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Diabetes mellitus gestacional

Publicada em 01/10/2006 às 00h

O diabetes gestacional (DG) é aquele diagnosticado ou que aparece na gestação índice e corresponde a 90% das gestações diabéticas. Os 10% restantes das gestações que cursam com diabetes correspondem ao diabetes pré-gestacional (anterior à gestação atual): Diabetes tipo 1, 2, MODY ou outro. A prevalência de DG é variável em cada população. No Brasil, durante a década de 90, realizou-se um censo onde se demonstrou que 7,2% das brasileiras desenvolvem diabetes durante a gestação.

Os fatores de risco para DG são idade superior a 25 anos, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual, deposição central excessiva de gordura corporal, história familiar de diabetes em parentes de primeiro grau, baixa estatura (1,50 m), crescimento fetal excessivo, polidrâmnio (excesso de líquido amniótico), hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual, antecedentes obstétricos de morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DG.

O DG resulta, provavelmente, da interação entre uma tendência para desenvolver diabetes e um aumento ou aparecimento dos hormônios placentários durante a gestação, tais como lactógeno placentário, progesterona, prolactina, fatores de crescimento, etc.; todos eles com ação anti-insulina. A insulina é o hormônio que baixa o açúcar e se ela não consegue agir pode aparecer diabetes em indivíduos predispostos.

O DG não causa sintomas. O diagnóstico ou sua suspeita geralmente compete ao obstetra, o qual deve trabalhar afinado com o endocrinologista. Assim, o rastreamento do DG é feito durante as consultas obstétricas usuais através do exame de glicemia de jejum e/ou após a ingestão de 50 gramas de glicose em solução açucarada.

Quando há suspeita, ou em pacientes de alto risco para desenvolver DG, um teste de tolerância à glicose pode esclarecer o diagnóstico. O tratamento do DG em 80% a 90% dos casos é feito com dieta e auto-monitorização da glicemia (verificação das glicemias ou açúcar do sangue pelas próprias pacientes). Algumas pacientes necessitam uma suplementação de insulina para o controle metabólico. Este controle é de fundamental importância para evitar possíveis complicações fetais e obstétricas que podem advir se as glicemias antes e após as refeições não se encontrarem dentro de certos limites.

O diabetes gestacional geralmente desaparece no pós-parto. No entanto, constitui um marcador para diabetes futuro e aproximadamente 50% das mulheres que tiveram diabetes gestacional podem desenvolver diabetes após 10 anos. Essas mulheres devem ser seguidas anualmente pelo endocrinologista, no sentido de evitar obesidade e reconhecer precocemente a intolerância à glicose.

Por último, gostaríamos de informar que no Hospital Universitário da Universidade Federal da Paraíba estamos realizando um Programa de Atendimento Especial à Gestante Diabética para as pacientes do SUS, junto com enfermeira educadora e a equipe de nutrição, obtendo bons resultados, tanto para a mãe quanto para o fruto de sua concepção.
Rosália Gouveia Filizola

Rosália Gouveia Filizola

CRM-PB: 2399

Especialidade: Endocrinologista

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