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Distúrbios do sono: insônias

Publicada em 29/11/2019 às 18h

Nenhum médico, em particular o profissional que trabalha na atenção primária, poderá manter-se alheio aos problemas relacionados aos distúrbios de sono - entre eles, as insônias, sonolências excessivas, sonambulismos, pesadelos e síndrome de pernas inquietas - com vistas ao diagnóstico correto e manejo adequado, quando transitórios; ou para o encaminhamento dos casos crônicos aos especialistas, na dependência de suas causas externas ou internas. O tema me merece particular interesse, seja pela minha condição de octogenário portador da “apneia do sono”, como “ex-médico” do PSF por quase cinco anos, e com especialização em medicina do trabalho. Estudos de ocorrências de insônia em pacientes atendidos em atenção básica e na população em geral demonstram uma prevalência média de cerca de 30% a 40%, sendo que entre 10% a 15% dos casos o transtorno é avaliado como grave. Neste exíguo espaço, abordarei apenas as insônias, destacando que existe a forma aguda ou transitória, com duração de três a quatro semanas; e a crônica, que 

se prolonga por meses ou anos. O diagnóstico começa por uma boa história clínica dos pacientes, com indagações sobre hábitos alusivos à quantidade e qualidade do sono, uso regular de substâncias psicoativas lícitas (álcool, tabaco, café, chás etc.), e ilícitas (cocaína, crack e drogas recreativas), e com realização de exame físico completo e complementar (polissonografia, quando indicada). As insônias podem ser intrínsecas (psicofisiológicas e apneia obstrutiva do sono), ou extrínsecas (higiene do sono, uso de hipnóticos ou ocorrências de trabalhos em turnos alternados), além de outros motivos associados a condições clínicas, psiquiátricas, neurológicas e afetivas). Figuram, também, como importantes causas de insônia as dores relacionadas a 

artrites agudas, neuropatias (polineuropatia diabética), gástricas, anginas, cefaleias, tumores ou lesões metastáticas, entre muitas outras. Quanto às doenças psiquiátricas e neurológicas, destacam-se as depressões, os transtornos obsessivo-compulsivos, demências e Parkinsonismo O tratamento da insônia crônica demanda assistência médica multiprofissional, envolvendo clínicos, psiquiatras e neurologistas, além de psicólogos. 

Sebastião Aires de Queiroz

Sebastião Aires de Queiroz

CRM-PB: 475

Especialidade: Pediatra e médico do trabalho

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