Artigos Médicos

Uma reflexão sobre nascer, viver e morrer

Publicada em 20/12/2013 às 17h

A vida é considerada por muitos religiosos um dom dado por Deus e o homem tem livre arbítrio sobre ela.

Do ponto de vista filosófico, a morte é uma dimensão da existência humana, portanto temos o direito de viver e de morrer com dignidade, mas isso não nos dá a prerrogativa de abreviar a vida.

O principal objetivo da Medicina é curar e aliviar a dor.

Em pleno século vinte e um, quando procuramos levar a vida de modo mais natural, quando nunca se falou tanto em tratamento humanizado dos pacientes e com a tecnologia avançando a cada dia, estamos sendo levados, cada vez mais, a usar essa ciência para cometer a distanásia, que, por definição, é \"morte lenta, ansiosa com muito sofrimento\" - o contrário da eutanásia, que é a abreviação da vida.

Atualmente, há condições de se diagnosticar se o paciente é terminal, ou seja, se ainda tem cura ou condições de tratamento paliativo, mas, mesmo assim, tenta-se prolongar a vida de quem já não tem mais condições de terapêutica. O que leva à manutenção de um \"morto vivo\"? A quem interessa essa situação de retardo do processo de morte?

Acredito que não podemos dizer que é prolongar a vida manter um ser humano vivo dependendo de drogas e de aparelhos. Estudos mostram que o paciente terminal não tem medo da morte e, sim, do modo como vai morrer. A ortotanásia é definida como morte correta, sem prolongamento artificial do processo de morte.

É fundamental que aceitemos a morte como evolução natural da vida e não queiramos interferir no processo de morte dos nossos entes queridos sob quaisquer justificativas, e que nos despojemos do amor egoísta, pois assim estaremos dando uma prova de amor maior.

Mais vale a morte que uma vida na aflição;
e o repouso eterno que um definhamento sem fim.
(Eclesiástico, 30, 17)

Débora Cavalcanti

Débora Cavalcanti

CRM-PB: 4059

Especialidade: Mastologista

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