Na sociedade atual, globalizada, sob o domínio das tecnologias da comunicação, o cidadão comum é assediado pelos meios galopantes da supracitada. O profissional médico também pode e deve obter proveito desses avanços tecnológicos e dessas novas fontes de informações em função de sua prática. No momento de uma verdadeira inundação crescente de informação, torna-se necessária uma atitude de maior vigilância por parte do médico, que precisa de um referencial para um processo sistemático da avaliação crítica da informação. O uso das evidências obtidas pelos meios de atualização não está situado apenas em termos de terapêutica. Estaremos discutindo teste diagnóstico, avaliação de prognóstico, análise de qualidade de vida, análises econômicas e terapêutica não só na prevenção secundária, como também, na prevenção primária.

Como é possível praticar a cardiologia baseada em evidências? A prática da CBE envolve as seguintes etapas:

1 - Formular questão clínica, converter a necessidade de informação em questões passíveis de esclarecimento;

2- Buscar a melhor evidência na literatura e ter postura crítica com relação a ela;

3 - Avaliar criticamente as informações obtidas;

4 - Aplicar esse conhecimento;

5 - Avaliar o desempenho.

As bases que fundamentam esse processo são: validade, importância e limitações da prática. Pode-se dizer que os entraves estão diretamente ligados à aplicação inadequada dos princípios inerentes ao conceito. As dificuldades na adoção podem ser, assim, agrupadas:

a) Barreiras de atitude: hierarquia autoritária e resistência à mudança;

b) Barreiras práticas: método mais difícil, consumo de tempo, falta de recursos de biblioteca (artigos e computadores).

A prática da CBE pauta-se nas evidências disponíveis na prática clínica (epidemiologia na beira do leito), constituindo um desafio constante para todos os cardiologistas e clínicos que praticam cardiologia. O acesso aos conteúdos, ou a uma formação continuada, requer uma mudança ou adoção de estilo e atitudes diferentes, muitas vezes, da conduta até então adotada. Como a globalização de conhecimentos é uma realidade, devemos nos esforçar para que nossas condutas, partindo de posturas críticas, tenham um objetivo claro e definido: A Prática da Cardiologia Baseada em Evidências, ou seja, o fazer correto da maneira correta. Tenhamos essa assertiva como um paradigma para o nosso trilhar na busca inefável de uma vida dos novos conceitos que regem o estudo, a pesquisa e o saber na área cardiológica de acordo com a modernidade dos novos tempos.