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Cálculos na vesícula biliar da criança

Publicada em 30/11/2008 às 00h

A presença de cálculos na vesícula biliar (colelitíase) na criança é uma patologia que tem se apresentado cada vez mais freqUente após o advento da ultra-sonografia. Tem como fatores etiológicos a doença hemolítica congênita, fibrose cística, nutrição parenteral prolongada, ressecção intestinal extensa decorrente de malformações intestinais, com circulação enterohepática anormal, e causas idopáticas. O uso do antibiótico ceftriaxona determina espessamento da bile (lama biliar) podendo ser confundida com cálculo à ultra-sonografia.

A colelitíase pode se manifestar por dor abdominal, principalmente em quadrante superior direito ou epigástrio, icterícia, náuseas, vômitos, anorexia, intolerância a alimentos gordurosos, pancreatite, febre e dor abdominal aguda. Eventualmente, o cálculo pode migrar para o colédoco determinando dor e icterícia

Ao contrário dos adultos, as crianças freqUentemente têm queixas abdominais inespecíficas e não podem descrever precisamente seus sintomas. Os assintomáticos respondem por 17% a 37% das crianças e adolescentes.

Os cálculos biliares são compostos de substância amorfa ou cristalina que se precipita na bile e são morfológica e quimicamente classificados em duas categorias: os cálculos de colesterol e os pigmentares. Pesquisadores, estudando 431 pacientes com colelitíase, observaram maior número de casos em faixa etária mais elevada, com freqUência de 69,4% na faixa de 11 a 21 anos; 13,7% entre seis e dez anos; 9,5% de zero a seis meses (com igual freqUência entre os sexos); e 7,4% de seis meses a cinco anos. Cerca de 66% do total eram meninas, com predomínio destas dos 11 aos 21 anos. Outro autor relatou 82 pacientes de zero a 18 anos com uma média de 10,5 anos de idade ao diagnóstico.

Tratamento - Cerca da metade dos pacientes com colelitíase após o nascimento tem algum fator predisponente, como nutrição parenteral, e, além disso, a maioria regride com a suspensão da alimentação parenteral. Pode ocorrer eliminação ou resolução espontânea dos cálculos nos neonatos e lactentes jovens. Atualmente, se preconiza a cirurgia laparoscópica como método de eleição nos sintomáticos, pois a colecistetomia laparoscópica é segura na criança, eficaz e superior ao método convencional. Os cálculos do ducto biliar comum podem ser removidos por papilotomia endoscópica simultaneamente.
Wilberto Silva Trigueiro

Wilberto Silva Trigueiro

CRM-PB: 871

Especialidade: Cirurgião pediátrico

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