Artigos Médicos

Maconha: pontos para reflexão

Publicada em 04/05/2008 às 00h

A maconha, do ponto de vista médico, apresenta inúmeros problemas de difícil solução e algumas utilidades terapêuticas. Extraída de uma planta de origem oriental, tem seu cultivo espalhado por todo o mundo, mas é proibida na maioria dos países por vários motivos, particularmente por ser uma substância alucinógena e depressora do sistema nervoso.

A revista "Chemical Research Toxicology" traz um artigo em seu número de dezembro onde pesquisadores canadenses demonstram que a fumaça da maconha tem mais substâncias tóxicas do que o cigarro comum. Por exemplo: quem fuma um cigarro de maconha fica exposto a uma quantidade de amônia equivalente a fumar uma carteira de cigarros, enquanto os níveis de cianeto de hidrogênio e de oxido nítrico - substâncias nocivas para os pulmões e coração - têm níveis três a cinco vezes superior.

Além disso, fumar maconha aumenta o risco de câncer de pulmão, de câncer de boca, entre vários outros. É preciso saber que o calor formado pelo cigarro fumado até o final contribui enormemente para a indução do câncer de língua e de lábio. Igual ao que ocorre com os fumantes passivos do cigarro comum, também os passivos da maconha poderão sofrer os mesmos efeitos deletérios.

No quesito específico de "não causa vício", existem inúmeras evidências científicas mostrando que a dependência da maconha lamentavelmente existe, além de que o seu uso é passo importante para o início de consumo de drogas mais fortes, a exemplo de cocaína, crack, etc. Problemas de infertilidade têm sido demonstrados pelo comprometimento na produção e na qualidade do espermatozóide.

Por outro lado, para as indicações médicas da maconha (inibir vômito na quimioterapia, reduzir dor ocular no glaucoma e melhorar apetite de doentes com AIDS em estágio avançado), existem drogas melhores, mais potentes e com eficácia comprovada; daí a sua não prescrição médica. Assim, usar maconha, por exemplo, para melhorar dor de cabeça traduz mais uma atitude irresponsável.

Por fim, caberá Ã sociedade dar a sua palavra final sobre o assunto.
João Modesto Filho

João Modesto Filho

CRM-PB: 973

Especialidade: Endocrinologista e médico nuclear

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