Artigos Médicos

Aos médicos e pacientes, com esperança

Publicada em 18/10/2013 às 17h

A saúde é, talvez, depois da vida, o maior bem que o ser humano possui, pois sem ela a vida torna-se mais difícil e mesmo inviável. Era de se esperar que a humanidade investisse na busca da saúde mais do que em qualquer outra coisa. O que vemos, entretanto, é uma situação de saúde no mundo que alberga enormes diferenças entre os países; estas, em sua maioria, injustas e evitáveis. No Brasil, as iniquidades em saúde são gritantes, além do gasto público ser apenas 4% do PIB, bem menos que países mais pobres que nós. Ironicamente, os muito ricos como os EUA comportam também desigualdades cruéis.

Entre nós, essas mazelas ocorrem num cenário onde, na coexistência do SUS com a saúde suplementar, compreendendo planos e seguros de saúde, a insatisfação tem predominado. Embora em muitos aspectos tenha havido grandes melhorias no país, o setor saúde tem se desmantelado. A mais recente crise envolveu a criação do Programa Mais Médicos, uma das respostas governamentais às também recentes reivindicações das ruas. Embora não constitua uma solução definitiva por não contemplar outras iniciativas necessárias, é importante que todos reconheçamos que há um longo caminho a percorrer para alcançarmos os patamares que desejamos. E que estamos diante de uma questão que ultrapassa em muito o modelo do programa e também o encaminhamento que foi dado ao se reagir ao modo como foi instituído. Pois os problemas são graves e o país é gigantesco, dessemelhante e pleno de iniquidades; de quebra, assistimos a uma crise de valores que questiona a confiabilidade das instituições. Há ainda as deficiências na formação dos profissionais de saúde que precisam ser abordadas e inúmeras outras coisas que precisam ser mudadas ou contempladas.

Vivemos, entretanto, sob uma democracia; portanto, as discordâncias podem ser expressas e o repúdio ao que não se concorda não deve incluir o solapamento das instituições que tanto prezamos e onde o poder é transitório, pois depende do nosso voto. Mais do que nunca, essas questões ensejam o debate e a participação.

Minha esperança, em homenagem ao 18 de outubro, Dia do Médico, é que possamos tirar lições dos erros e acertos e que, como cidadãos, os médicos e a população lutemos juntos pela construção do sistema de saúde que precisamos e merecemos, ou seja, com reais universalidade, igualdade e integralidade.

Maria de Fátima Duques

Maria de Fátima Duques

CRM-PB: 2638

Especialidade: Gastroenterologista

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