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Entendendo os diversos tipos de hepatite (I)

Publicada em 31/12/2006 às 00h

Hepatite é um termo genérico que significa inflamação no fígado, podendo ter várias causas. As hepatites virais podem ser provocadas por vírus que atingem especificamente o fígado, como os vírus A, B, C, D ou Delta, E, F e G. Há também viroses como a mononucleose, varicela, herpes, citomegalovírus, dengue (entre outras) capazes de provocar hepatite, fazendo parte de outro processo.

A hepatite A é uma doença aguda, transmitida pela ingestão de água ou alimentos contaminados (oral-fecal). Geralmente manifesta-se por icterícia (pele e mucosas amareladas), urina escura, febre, dores no corpo. Raramente é grave e o tratamento é sintomático. Para prevenção, além dos cuidados com a higiene da água e alimentos, existe a vacinação.

A transmissão da hepatite B ocorre através do contato direto com sangue contaminado (transfusões, compartilhamento de seringas ou outros instrumentos entre usuários de drogas). Ocorre por via sexual (sêmen) e por outras secreções orgânicas. Há transmissão vertical (da mãe infectada para o recém-nascido). Pode tornar-se crônica, e evoluir para cirrose e câncer de fígado. Para prevenção, evitar o contato direto com sangue, ter relações sexuais com preservativo e vacinar-se.

A hepatite C é transmitida pelo sangue contaminado, ou seja, através de transfusões, piercings, compartilhamento de seringas e de canudinhos de aspiração de cocaína por usuários de drogas, de aparelhos de barbear, de escova de dentes; procedimentos com instrumentos contaminados (cirurgias, tratamentos dentários, acupuntura, tatuagens, manicure). Há transmissão perinatal e a transmissão sexual é controversa. Na maioria dos infectados, torna-se crônica, podendo evoluir para a cirrose e o câncer de fígado. A prevenção é evitar contato direto com sangue. Infelizmente não há ainda vacinação contra a hepatite C.

É importante saber que, desde 1990, os bancos de sangue passaram a testar os pré-doadores de sangue, e também que as hepatites B e C podem transcorrer sem sintomas. Assim, os transfundidos antes de 1990 ou com algum contato ou comportamento de risco, devem, mesmo assintomáticos, realizar testagem no sangue para saber se foram contaminados e, caso sejam portadores de hepatite B e/ou C, estadiar a doença para saber se devem ser tratados.
Maria de Fátima Duques

Maria de Fátima Duques

CRM-PB: 2638

Especialidade: Gastroenterologista

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