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Cigarro: de mocinho a bandido

Publicada em 23/11/2008 às 00h

Nas publicidades, andava sempre de mãos dadas com o sucesso; conquistou fama de mocinho passeando insistente e elegantemente nos lábios e dedos das grandes atrizes hollywoodianas. ÃEURs mulheres, emprestava charme e beleza; garantia aos homens segurança e auto-afirmação; transitava com desenvoltura na adolescência, distribuindo um certo ar de liberdade com adultização. Reinava absoluto nas mentes e corações da sociedade.

O primeiro golpe veio em 1964 com um tiro certeiro disparado pelo Departamento de Saúde dos EEUU através de um relatório preciso e minucioso, que expôs com nitidez angustiante toda a crueldade do mocinho: infartos, DPOCs, câncer de pulmão, boca, esôfago, fígado, mama etc. etc. Montados nessa evidências, os programas de controle do tabagismo, as leis proibitivas e a adesão da mídia pavimentaram o longo caminho que transformou o mocinho em bandido.

Charme e beleza deram lugar a dentes amarelos e rugas precoces; segurança e sucesso foram substituídos por mau-hálito e tosse; a falta de ar precoce fez esquecer o ar de liberdade.

O fumante hoje é estigmatizado, rejeitado, tornou-se "persona non grata". Seu inseparável companheiro, que durante muito tempo pousou de mocinho, passou a interpretar papel de vilão num filme de mau-gosto.
Sebastião de Oliveira Costa

Sebastião de Oliveira Costa

CRM-PB: 1630

Especialidade: Pneumologia e Alergologia

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